Gestação

A Primeira Fase do Parto: classificação e manejo atual

Escrito por Fabiano Serra

A primeira fase do parto é um momento crucial que define o tom para o restante do trabalho de parto e parto. Dividida em duas partes distintas, a fase latente e a fase ativa, cada segmento possui características únicas, desafios e estratégias de manejo. O entendimento aprofundado dessas fases é essencial para profissionais de saúde que buscam otimizar a assistência e apoiar uma experiência de parto positiva para a gestante.

Fase Latente: Preparação para a Dilatação Ativa

A fase latente do trabalho de parto é o início do processo de nascimento, marcado por contrações uterinas iniciais que promovem mudanças graduais no colo do útero. Essas alterações incluem o apagamento (amolecimento e afinamento) e a dilatação inicial até cerca de 4-6 cm (a OMS estabeleceu 5cm). Embora esta fase seja muitas vezes longa e variável, é um período essencial que prepara o corpo para a fase ativa do trabalho de parto.

Características Principais:

Contrações irregulares que gradualmente se tornam mais organizadas e dolorosas.

Dilatação cervical lenta, geralmente não excedendo 6 cm.

Apagamento progressivo do colo do útero.

Manejo Clínico:

A monitoração da saúde materna e fetal sem intervenções acelerativas é recomendada, a menos que indicado por circunstâncias clínicas.

O suporte emocional e físico é fundamental, proporcionando conforto e tranquilidade para a gestante.

Intervenções para acelerar a fase latente, como a amniotomia ou a administração de ocitocina, devem ser evitadas na ausência de indicações médicas claras.

Fase Ativa: Progressão para o Nascimento

A transição para a fase ativa é marcada por um padrão de contrações mais regular e intenso, com uma dilatação cervical mais rápida, progredindo de cerca de 6 cm até a dilatação completa de 10 cm. Esta fase exige um acompanhamento cuidadoso para garantir a segurança e o bem-estar tanto da mãe quanto do feto.

Características Principais:

Contrações regulares, fortes e dolorosas, com intervalos decrescentes entre elas.

Dilatação cervical acelerada e apagamento completo.

Aumento da intensidade e frequência das contrações, indicando a progressão do trabalho de parto.

Manejo Clínico:

Monitoramento contínuo das condições fetais e maternas para detectar qualquer sinal de distocia ou estresse fetal.

Avaliações periódicas do progresso cervical através de exames de toque vaginal, realizados a cada 4 horas, ou antes se pedido da paciente.

Encorajamento de posições de parto que favoreçam o conforto da mãe e a progressão do trabalho de parto, incluindo deambulação e mudanças de posição.

Uso judicioso de intervenções, como a ruptura artificial das membranas (amniotomia) ou a administração de ocitocina, somente quando indicado por progressão lenta e após avaliação cuidadosa dos riscos e benefícios.

Entender que cada parto deve ser individualizado é fundamental para que a assistência materno-fetal seja adequada. Não se deve acelerar o trabalho de parto sem justificativa, quando as condições materno-fetais estiverem boas, especialmente na fase latente, sob a justificativa de que há “distocia” devido ao tempo transcorrido desde o início.

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