Diagnóstico

Câncer de colo uterino – estadiamento e tratamento

Escrito por Jader Burtet

O câncer de colo uterino é uma das neoplasias mais frequentes no mundo. A etiologia é a infecção pelo vírus HPV, que promove a carcinogênese.

Em 2021 a FIGO (Federação Internacional de Ginecologia e Obstetrícia) publicou uma revisão sobre o estadiamento e o tratamento dessa neoplasia. O estádio I compreende os tumores restritos ao colo e são divididos em:

IA1 – tumor invade até 3 mm de profundidade do estroma

IA2 – tumor invade de 3 a 5 mm de profundidade do estroma

IB1 – tumor invade mais de 5 mm da profundidade do estroma e tem menos de de 2 cm de tamanho

IB2 – tumor mede entre 2 e 4 cm

IB3 – tumor tem mais de 4 cm

 Nos tumores IA1 a conduta é a histerectomia total pela técnica extrafascial. Se a paciente tiver desejo de gestação, a conização com margens livres também é um tratamento considerado como adequado. Já nos tumores IA2, a histerectomia radical modificada é o tratamento indicado. Consiste na histerectomia total, amputação do terço superior da vagina, parametrectomia bilateral até o cruzamento dos ureteres e realização de linfonodo-sentinela. Nas pacientes com tumores em estádio IA2 com desejo de gestação, pode ser realizada a traquelectomia com linfonodo-sentinela. Nessa técnica realiza-se todo o procedimento cirúrgico descrito, mas mantendo o corpo uterino.

Já nos tumores IB1, o tratamento é a histerectomia radical modificada com a realização do linfonodo-sentinela. Nas pacientes com desejo de gestar, também pode ser realizada a traquelectomia com linfonodo-sentinela. Nos tumores IB2, a histerectomia radical modificada com linfadenectomia deve ser realizada. Nos tumores IB3 a probabilidade de margens comprometidas após o tratamento cirúrgico é grande e a indicação é radioterapia associada à quimioterapia radiossensibilizante.

Os tumores em estádio II compreendem aqueles que já invadiram a vagina e/ou os paramétrios:

IIA1 – tumor invade os dois terços superiores da vagina e tem até 4 cm

IIA2 – tumor invade os dois terços superiores da vagina e tem mais de 4 cm

IIB – tumor atinge paramétrio (um ou ambos) sem atingir paredes pélvicas ou causar obstrução ureteral, causando hidronefrose ou rim não funcionante.

O tratamento dos tumores no estádio IIA1 pode ser realizado com a histerectomia radical modificada com linfonodo-sentinela se o tumor tiver até 2 cm, ou linfadenectomia se estiver maior do que isso. Já os tumores nos estádios IIA2 e IIB são melhor tratados com radioterapia e quimioterapia radiossensibilizante.

Os tumores em estádio III são divididos em:

IIIA  – tumor invade o terço inferior da vagina

IIIB – tumor invade um ou ambos os paramétrios atingindo as paredes pélvicas ou obstrui um ou ambos os ureteres, causando hidronefrose ou rim não funcionante

Nesses casos, as pacientes são tratadas com radioterapia e quimioterapia.

No estádio IVA o tumor invade mucosa vesical e/ou retal e no IVB já existem metástases à distância.

Importante sempre lembrar que nas pacientes sem condições cirúrgicas o tratamento com radioterapia e quimioterapia pode ser uma opção indicada com resultados similares aos do tratamento cirúrgico. As vantagens das opções cirúrgicas são as melhores taxas de satisfação em relação à preservação da função sexual e das possíveis sequelas relacionadas à radioterapia.

Referência

BHATLA, Neerja et al. Cancer of the cervix uteri: 2021 update. International Journal of Gynecology & Obstetrics, v. 155, p. 28-44, 2021.

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Jader Burtet

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