Diagnóstico

Câncer de vulva e neoplasias intraepiteliais vulvares

Escrito por Jader Burtet

Os tumores vulvares são raros quando comparados ao câncer de colo uterino e mama. Entretanto, persiste como uma causa de óbito no sexo feminino principalmente por conta do diagnóstico tardio. As neoplasias intraepiteliais vulvares (NIV) são lesões que ocorrem no epitélio da vulva sem invasão estromal. São divididas em dois grandes grupos: NIV usuais e diferenciadas. As usuais costumam ser mais comuns em pacientes jovens, associadas ao vírus HPV de alto risco. A apresentação clínica costuma ser multicência. Já as NIV diferenciadas são mais comuns em pacientes pós-menopausa, têm apresentação unifocal e podem estar associadas a um quadro de líquen escleroso.
A queixa clínica das NIV costuma ser prurido vulvar de longa data. Alguns casos de NIV usuais podem se manifestar por condilomas que não respondem ao tratamento. Sempre que estivermos a pacientes com condilomas resistentes ao tratamento convencional (ácido tricloroacético) é importante lembrar da necessidade de biópsia para excluir a possibilidade de NIV usual.

A neoplasia invasiva da vulva também costuma se apresentar por prurido vulvar de longa data. A presença de lesão vulvar com prurido também é outra forma de manifestação. Os locais mais frequentes de surgimento das neoplasias invasivas são os grandes lábios. Frente a qualquer área suspeita a conduta é indicar biópsia da vulva. O ideal é que o procedimento seja feito com amostragem da área suspeita em conjunto com uma porção de pele sadia. A presença de uma parte da amostra com tecido sadio é importante para que o patologista possa realizar o diagnóstico de forma mais assertiva.

O líquen escleroso é uma condição que tem dois picos de incidência: na infância e adolescência e o outro momento é o período pós-menopausa. A biópsia será indicada somente nas pacientes pós-menopausa, uma vez que o intuito é realizar o diagnóstico diferencial com neoplasia. Nas crianças e adolescentes o tratamento pode ser instituído sem a necessidade de biópsia. O tratamento padrão é com corticosteroide de potência ultra alta, sendo o propionato de clobetasol tópico a 0,05% o fármaco mais utilizado no Brasil. O tratamento pode ser feito com a aplicação na área uma vez ao dia por 12 semanas, seguida de três vezes por semana por mais 12 semanas. Após esse período de 24 meses, o tratamento de manutenção pode ser oferecido uma a duas vezes na semana continuamente.

Já as NIV devem ser tratadas, preferencialmente, por ressecção local simples (ideal 1 cm de margem). Outra opção cirúrgica é a vulvectomia tegumentar. Se o tratamento clínico for cogitado com opção pode-se indicar o imunomodulador imiquimode (mais indicado para lesões multicêntricas) ou ainda a ablação com laser (mais indicado para lesões multicêntricas). O câncer invasivo da vulva deve ser tratado conforme o estadiamento da doença.

Fonte:
– Virarkar M, Vulasala SS, Daoud T, Javadi S, Lall C, Bhosale P. Vulvar Cancer: 2021 Revised FIGO Staging System and the Role of Imaging. Cancers (Basel). 2022 Apr 30;14(9):2264. doi: 10.3390/cancers14092264. PMID: 35565394; PMCID: PMC9102312.

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