Diagnóstico Tratamento

Classes e propriedades dos progestogênios

Escrito por Jader Burtet

Vários tipos de progestogênios foram sintetizados em laboratórios. O objetivo é mimetizar o efeito da progesterona endógena. Como são estruturalmente diferentes dela, tendem a ter ação também em outros receptores como os de testosterona, estrogênio e glicocorticóide. A depender da época em que foram criados e de suas propriedades, os progestogênios podem ser divididos em 4 classes:

1ª geração

A NORETISTERONA é o progestogênio representante dessa geração. Os seus metabólitos, di-hidro e tri-hidro noretindrona, podem ser aromatizados, formando etinilestradiol. A taxa de conversão varia de acordo com a dose administrada. A noretisterona é distribuída nas unidades básicas de saúde como opção de contracepção de progestogênio isolado para puérperas, chamada de minipílula. A taxa de falha desse contraceptivo varia de 0,5 a 3% – considerando-se o uso ideal e habitual –, sendo fundamental o uso correto da medicação. Seus efeitos adversos incluem náusea, tontura e sangramento de escape. 

2ª geração

O levonorgestrel é o representante dessa geração. É o progestogênio de maior atividade androgênica. O levonorgestrel tem uma boa biodisponibilidade quando usado por via oral, sendo a melhor opção na contracepção de emergência, acionada por meio do bloqueio ovulatório. Também está associado ao estrogênio (etinilestradiol) em diversas preparações comerciais de anticoncepcionais combinados por via oral. Os dispositivos intrauterinos com levonorgestrel são utilizados como método contraceptivo, tratamento de sangramento uterino anormal, proteção endometrial na terapia hormonal e tratamento da endometriose. Seu efeito é fundamentalmente local, migratório sobre o muco cervical e o endométrio. As concentrações endometriais de levonorgestrel são muito superiores às plasmáticas. 

3ª geração

Correspondem ao desogestrel, gestodeno e norgestimato. Foram desenvolvidos com o propósito de diminuir os efeitos androgênicos dos progestogênios mais antigos. Atualmente, são bastante utilizados nos métodos combinados. Apresentam efeito androgênico fraco, o que trouxe benefícios em relação aos sintomas de oleosidade da pele e cabelo. Entretanto, estudos relataram aumento das taxas de tromboembólicos em usuários de métodos combinados contendo esses progestogênios. O desogestrel é uma pré-droga que após o metabolismo hepático é convertida em etonogestrel, o metabólito biologicamente ativo. 

4ª geração

Fazem parte dessa classe a drospirenona e o dienogeste. Apresentam efeito antiandrogênico e antimineralocorticóide. A drospirenona é o progestogênio mais semelhante à progesterona endógena sem qualquer efeito glicocorticóide. Estudos sobre a farmacodinâmica da drospirenona mostram aumento da excreção urinária de sódio, além do aumento dos níveis de renina e aldosterona, não alterando, com isso, os níveis pressóricos. A drospirenona só não apresenta o mesmo efeito antiandrogênico da ciproterona. O mecanismo pelo qual a drospirenona tem ação antiandrogênica é a redução da produção ovariana e adrenal de testosterona e seus derivados, além do bloqueio de receptores androgênicos. Observa-se melhora dos sintomas clínicos androgênicos, bem como benefício no perfil lipídico, com elevação dos níveis de HDL, apesar do discreto aumento dos triglicérides. Entretanto, o risco de ocorrências tromboembólicas é maior do que o das progesteronas de 2ª. geração. Por esse motivo, o levonorgestrel ainda é o componente dos anticoncepcionais combinados disponíveis nas unidades básicas de saúde. O risco de tromboembólicos específicos é menor quando comparado a outros tipos de progestogênios.

Referência: 

PASSOS, Eduardo et al (orgs.). Rotinas em Ginecologia . 8. ed. Porto Alegre: Artmed, 2023.

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Jader Burtet

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