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Conduta frente aos achados anormais da colpocitologia oncótica

Escrito por Jader Burtet

A última diretriz publicada pelo Ministério da Saúde data de 2016 e traz informações importantes sobre o rastreamento do câncer de colo uterino no Brasil. O método utilizado é a colpocitologia oncótica e a recomendação é que as coletas sejam iniciadas aos 25 anos nas mulheres que tiveram relações com penetração vaginal (pênis ou objetos eróticos). A conduta frente aos achados anormais depende do tipo de achado:

ASC-US (atipias em células escamosas de significado indeterminado, possivelmente não neoplásicas): são atipias causadas por efeitos celulares não neoplásicos do vírus HPV, alterações da microbiota, atrofia ou ainda sem nenhum fator causal. A conduta deve ser conservadora e a periodicidade de repetição depende da idade da paciente.

  • entre 25 e 29 anos: repetir em 1 ano
  • 30 anos ou mais: repetir em 6 meses
  • menores de 25 anos (ou seja, pacientes que não estão em faixa etária de rastreamento): repetir em 3 anos

ASC-H (atipias em células escamosas em que não se pode afastar lesão de alto grau): são atipias com probabilidade considerável da presença de lesão de alto grau. A conduta é indicar colposcopia.

LIE de baixo grau (lesão intraepitelial de baixo grau): são alterações citológicas sugestivas de lesão de baixo grau (NIC I). A presença de NIC I tem sido cada vez mais associada ao efeito celular do vírus HPV do que uma neoplasia propriamente dita. A conduta deve ser conservadora com a indicação de repetição da citologia em 6 meses. Nas pacientes menores de 25 anos, ou seja, ainda fora da faixa etária de rastreio, a conduta indicada pelo Ministério da Saúde é a repetição da coleta em 3 anos.

LIE de alto grau (lesão intraepitelial de alto grau): são achados citológicos sugestivos da presença de neoplasia intraepitelial cervical de alto grau (NIC II/III). A conduta é encaminhar a paciente para colposcopia.

AGC (atipias em células glandulares): as atipias em células glandulares é um achado em que pode haver neoplasia intraepitelial de alto grau (NIC II/III), adenocarcinoma de colo uterino ou, ainda, câncer de endométrio. Todas essas possibilidades devem ser consideradas frente ao achado de citologia compatível com AGC. A conduta é indicar colposcopia com avaliação do canal endocervical (coleta endocervical com cytobrush ou curetagem de canal). Nas pacientes com 35 anos ou mais, ou que apresentem sangramento uterino anormal, ou que apresentem células endometriais presentes no laudo da colpocitologia oncótica, o Ministério da Saúde recomenda a realização de ultrassonografia transvaginal para avaliação endometrial. Se houver suspeita de hiperplasia ou câncer de endométrio a avaliação histológica do endométrio está recomendada. O método considerado padrão-ouro para a obtenção de amostra histológica de endométrio sob visualização direta é a histeroscopia diagnóstica.

Referência

MINISTÉRIO DA SAÚDE. Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA). Diretrizes Brasileiras para o rastreamento do câncer do Colo do Útero. 2 ed. Rio de Janeiro: INCA, 2016.

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Jader Burtet

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