Gestação

Drogas na gestação

Escrito por Jader Burtet

Os medicamentos são classificados em 5 categorias de acordo com o FDA “Drug and Food Administration”:

A – Estudos controlados não demonstram risco para o feto.

B – Testes controlados com animais não demonstram risco fetal, mas não há estudos com humanos. 

C – Ensaios com animais revelam efeitos adversos. Não há estudos controlados em humanos. As drogas podem ser ministradas somente se o benefício justificar o potencial teratogênico.

D – Há evidência de risco fetal humano, porém se a condição materna for superior ao risco de teratogenicidade, o uso pode ser justificável.

X – Comprovados efeitos deletérios sobre o feto. Medicações formalmente contraindicadas.

De uma forma mais prática podemos dizer:

A – Estudos controlados não mostraram risco

B – Não há evidência de risco no ser humano

C – O risco não pode ser afastado (normalmente fármacos recentemente lançados no mercado)

D – Evidência positiva de risco

X – Contraindicados formalmente

Segue um resumo breve das principais classes de fármacos perguntadas nas questões das provas gaúchas:

ANALGÉSICOS

PARACETAMOL – categoria B. Indicado para analgesia em gestantes e lactantes.

ÁCIDO ACETILSALICÍLICO – Categoria C. Risco de oligoidrâmnio, oclusão precoce do ducto arterioso e hipertensão pulmonar do recém-nascido.

ANTICONVULSIVANTES

LAMOTRIGINA – Categoria C. É a droga de escolha na gestação.

CARBAMAZEPINA – Categoria D. Associada ao aumento substancial da incidência dos defeitos de fechamento do tubo neural. Apesar disto, a OMS recomenda que o fármaco não seja descontinuado se a paciente está em uso da medicação, apresenta doença compensada e recebe o diagnóstico de gravidez. O mesmo é válido para oxcarbamazepina.

ÁCIDO VALPROICO – Categoria D. Defeitos no fechamento do tubo neural, hidrocefalia e anomalias cardiovasculares.

FENOBARBITAL – Categoria D. Retardo no desenvolvimento neuropsicomotor.

FENITOÍNA – Categoria D. Dismorfoses faciais e defeitos cardíacos.

Dica de prova: Normalmente as questões do RS perguntam qual o anticonvulsivante que deve ser usado na gestação. Na verdade todos os fármacos usados no tratamento da epilepsia são categoria D (exceto lamotrigina), ou seja, existe reconhecido risco fetal. Entretanto, a condição materna impõe a necessidade do uso de alguma medicação. A droga indicada é a lamotrigina.  Porém, se a paciente estiver em uso de carbamazepina ou oxcarbamazepina, pela boa eficácia no controle das convulsões e pelo menor índice quantitativo de malformações relatados nos estudos controlados, a indicação é mantê-la durante a gestação. Esta recomendação não serve para as outras drogas. Vale lembrar também que a própria EPILEPSIA está associada com um risco aumentado de malformações e que sempre estará indicado relacionar ÁCIDO FÓLICO 5 mg/dia no período pré-concepcional  até a 12ª semana de gestação, para reduzir o risco de defeitos de fechamento do tubo neural e anencefalia. OBS.: Não confundir com a interação com os anticoncepcionais combinados, em que a droga que pode ser usada sem restrições é o ÁCIDO VALPRÓICO.

ANTIBIÓTICOS

AMOXICILINA – Categoria B. Usada amplamente conforme indicação específica para tratamento de infecções em gestantes.

AMPICILINA – Categoria B.

AZITROMICINA – Categoria C.

QUINOLONAS – Categoria C. Relatos de artropatia por danos nas cartilagens em estudos com animais.

CEFALOSPORINAS – Categoria B.

NITROFURANTOÍNA – Categoria B. Recomendações de não usar no último mês de gestação pelo risco de anemia hemolítica do RN. Dica de prova: Lembrar que a droga não deve ser usada no final da gestação pelo risco de ICTERÍCIA NEONATAL. 

METRONIDAZOL – Categoria X no primeiro trimestre. Categoria B no 2º e 3º. 

ANTI-INFLAMATÓRIOS

São considerados categoria B. Apresentam segurança de uso no primeiro e segundo trimestres. Entretanto, estão associados com fechamento precoce do ducto arterioso se usados no 3º trimestre. Por isso, são contraindicados no 3º trimestre.

ANTI-HIPERTENSIVOS

INIBIDORES DA ECA – Categoria D. Risco de CIUR, oligoidrâmnio, hipoplasia dos ossos do crânio do feto e insuficiência renal fetal.

B-BLOQUEADORES – Categoria C. Risco importante de CIUR. Os betabloqueadores também podem mascarar a resposta hemodinâmica fetal à hipóxia. Lembrar: a contração uterina do trabalho de parto leva a um discreto momento de diminuição do aporte de oxigênio no 

território placentário. Nos fetos que apresentam baixa reserva (insuficiência placentária), ocorrerá acidose fetal e ativação dos quimiorreceptores. Esses estimulam descarga simpática mediada por noradrenalina. A rápida resposta simpática estimula os baroceptores que desencadeiam o reflexo parassimpático com consequente bradicardia. Esse efeito se traduzirá por DIP II na cardiotocografia. Todo este processo de resposta fetal pode ser mascarado pelos betabloqueadores com consequente não identificação do sinal cardiotocográfico de hipóxia fetal aguda intraparto.

METILDOPA – Categoria B. Droga de escolha para o tratamento da HAS na gestação.

BLOQUEADORES DOS CANAIS DE CÁLCIO – Categoria C. Indicados para tocólise e crise hipertensiva na gestação.

INIBIDORES DOS RECEPTORES DA ANGIOTENSINA II – Categoria D. Mesmo risco dos inibidores da ECA.

NITROPRUSSIATO – Categoria C

ANTITIREÓIDEOS

PROPILITIOURACIL – Categoria C. Evidência de hipotireoidismo neonatal. Entretanto, o efeito é dose-dependente.

HIPOGLICEMIANTES ORAIS

BIGUANIDAS – Apesar de, tradicionalmente, todos os agentes anti-hiperglicemiantes orais serem contraindicados na gestação, as evidências apontam para a probabilidade de que a metformina seja segura. Todos os estudos bem conduzidos com esta droga não evidenciaram um aumento da ocorrência de malformações. Entretanto, o Ministério da Saúde ainda não endossou a conduta de tratamento do diabetes mellitus com metformina. Portanto, cuidado com a pergunta que poderá ser feita na prova: ainda não se indica tratar diabetes mellitus na gestação com metformina por não haver estudos controlados que provaram a sua eficácia no controle glicêmico, não por risco de teratogenicidade. Dessa forma, caso a questão perguntar se a droga pode ser usada na gestação, a resposta é sim. Não há risco documentado de teratogênese.

SULFONILUREIAS – Estudos evidenciaram uma maior ocorrência de hipoglicemia fetal. Além disso, estão associadas ao maior risco de anencefalia e anomalias cardíacas (defeitos de septo ventricular).

INIBIDORES DA ALFAGLICOSIDASE – Os estudos ainda são escassos e pouco conclusivos. Devido à falta de informações, persiste a recomendação de não indicá-los na gestação.

TIAZOLIDINEDIONAS – Também não há estudos que comprovem segurança. Portanto, persiste a indicação de não recomendá-los na gestação.

VITAMINAS

Existem evidências de que o consumo em excesso de vitamina A na gestação pode levar à malformações do sistema nervoso central, 

cardíacas e fendas faciais.

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