Gestação

Estratégias Avançadas para o Tratamento da Hemorragia Pós-Parto por atonia: Um Guia Baseado em Evidências

Escrito por Fabiano Serra

O tratamento eficaz da hemorragia pós-parto (HPP) por atonia requer uma abordagem multifacetada que envolve intervenções farmacológicas, não farmacológicas e cirúrgicas. Deve ser instituído enquanto outras medidas são implementadas, tais como: puncionar acessos venosos calibrosos (Jelco 14 ou 16), coletar exames, infundir cristaloides aquecidos (até 1500 mL), prevenir hipotermia com manta térmica ou cobertor, fornecer oxigênio por máscara, elevar de membros inferiores, introduzir sonda vesical de demora e manter avaliação de sinais clínicos e sinais vitais constantemente.

  1. Tratamento Medicamentoso
  • Ocitocina: A primeira linha de tratamento para a HPP por atonia uterina. Administre 5 UI em bolus intravenoso lento, seguido de infusão de 20-40 UI diluídas em solução salina a uma taxa de 250 mL/hora por 2 horas e, após, a 125mL por 4 horas.
  • Ergometrina: Administrar 0,2 mg intramuscular. Evitar em mulheres com hipertensão.
  • Misoprostol: Útil quando a ocitocina não está disponível ou em casos de refratariedade. A dose recomendada é de 800 mcg via retal.
  • Ácido Tranexâmico: Para todos os casos de HPP, iniciar com 1 g administrado por via intravenosa durante 10 minutos, podendo repetir a dose se o sangramento não for controlado em 30 minutos.
  1. Intervenções Não Cirúrgicas
  • Massagem Uterina (manobra de Hamilton): Deve ser realizada imediatamente para tentar aumentar o tônus uterino e controlar o sangramento.
  • Balão de Tamponamento Uterino: Pode ser eficaz para controlar o sangramento em casos de atonia uterina. Balões específicos ou improvisados (como o balão de Foley) podem ser utilizados.
  • Traje Antichoque Não Pneumático (TAN): intervenção eficaz para estabilizar temporariamente a paciente enquanto outras terapias estão sendo instituídas. Consiste em uma veste de neoprene que aplica pressão uniforme nas extremidades inferiores e no abdome, melhorando o retorno venoso e a perfusão dos órgãos vitais. A aplicação do TAN deve ser considerada em casos de HPP grave, enquanto se aguarda a resolução definitiva do sangramento. Muito útil em transferências.
  1. Tratamento Cirúrgico

O tratamento cirúrgico é considerado quando as intervenções medicamentosas e não cirúrgicas não conseguem controlar o sangramento.

  • Suturas Compressivas Uterinas: Técnicas como a sutura de B-Lynch podem ser eficazes para controlar o sangramento ao comprimir o útero.
  • Ligaduras vasculares: A ligadura das artérias uterinas ou ilíacas internas pode reduzir o fluxo sanguíneo para o útero e controlar o sangramento.
  • Histerectomia: Em casos extremos e quando outras medidas falham, a histerectomia pode ser a última opção para salvar a vida da paciente.
  • Cirurgia de Controle de Danos: Em casos extremamente graves, procedimentos para controlar rapidamente o sangramento e estabilizar a paciente podem ser necessários antes de uma cirurgia definitiva.
  • O tratamento da HPP exige uma abordagem rápida e baseada em evidências. A escolha do tratamento deve ser guiada pela causa do sangramento, condição da paciente e recursos disponíveis. A capacitação contínua dos profissionais de saúde e o acesso a medicamentos e equipamentos são fundamentais para melhorar os desfechos em casos de HPP​​.

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