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NIC 2 e 3 em pacientes jovens: como manejar

Escrito por Jader Burtet

O câncer de colo é uma das afecções que são progressivas, com início através das transformações intraepiteliais progressivas que podem evoluir para um processo invasor num período que varia de 10 a 20 anos. Quando ocorre desordenação nas camadas mais basais do epitélio estratificado, estamos diante de uma neoplasia intraepitelial cervical (NIC). 

Pacientes com menos de 25 anos, devem coletar a colpocitologia oncótica (papanicolau)? 

É muito comum na prática clínica esse tipo de situação: chegar uma paciente com menos de 25 anos que teve relação sexual e, devido a isso, começar a coleta da citologia oncótica (papanicolau). Porém, a diretriz do Ministério da Saúde não recomenda que se colete antes dos 25 anos, e sim a partir dessa idade quem já iniciou vida sexual com penetração. Não é recomendado, portanto, a indicação da coleta para pacientes com menos de 25 anos, mesmo que haja início da vida sexual. Um raciocínio importante de se ter na prática clínica, é lembrar que, em alguns casos, existe o pico de contaminação pelo vírus do HPV ao final da adolescência e o início da vida adulta, e essas pacientes que foram contaminadas podem ter um desfecho com um clearance adequado ou desenvolver alguma alteração no epitélio a partir dos 25 anos. Por isso, o M.S. posiciona-se com rastreio a partir da idade de 25 anos. 

Em um resultado de colpocitologia oncótica com resultado ASC-H ou AGC, qual a conduta, em paciente com idade inferior a 25 anos e imunocompetente? 

O ideal é não coletar, porém, se foi coletado e apresentou-se este com resultado de atipias em células glandulares (AGC) ou atípicas que não podem ser excluídas as lesões de alto grau (como ASC-H), será necessário valorizar o achado e indicar a colposcopia para essa paciente. Diferente de quando há o resultado de lesões de baixo grau ou ASCUS, segundo a conduta do Ministério da Saúde, deverá ser realizada a repetição em 3 anos. 

Ainda nessa situação de uma paciente com idade inferior a 25 anos que foi indicada a colposcopia, cujo resultado apresentou alteração. Seguindo na abordagem, indicou-se uma biópsia que, através da análise, indicou a alteração NIC II e NIC III. Qual a abordagem?

Lembrando que pacientes com idade inferior a 25 anos e que são NIC II, a probabilidade de regressão espontânea chega a cerca de 60%. Uma das opções é o tratamento conservador, porém o tratamento-padrão é a exérese da zona de transformação. Além disso, pacientes menores de 25 anos e que for optado pelo tratamento conservador, pode-se acompanhar com consulta, realizando papanicolau e colposcopia a cada 6 meses. Ao final de 2 anos, se não houver regressão espontânea da lesão, indica-se a excisão da zona de transformação. O motivo da indicação de tratamento conservador é que, devido a realização de procedimento intervencionista, pode aumentar a probabilidade de incompetência istmo cervical, abortamento ou até mesmo um parto prematuro. Por isso, é necessário avaliar caso a caso e tomar uma decisão em conjunto com o paciente. Conduta conservadora em paciente com idade inferior a 25 anos e com alteração NIC II e NIC III: a paciente será acompanhada com consulta a cada 6 meses com colpocitologia e colposcopia. O tempo indicado como adequado para acompanhar essa paciente é 2 anos e, se em 2 anos, não houver regressão espontânea é necessário indicar a excisão da zona de transformação. Se houve a regressão espontânea, considera-se que a paciente está tratada. 

 

Em caso de paciente com idade inferior a 25 anos, NIC II ou NIC III, com biópsia e que apresenta alguma imunodeficiência. Como será abordado?

Há uma mudança na resposta, porque a progressão será maior do que em pacientes imunocompetentes e, por isso, para essas pacientes é indicada a excisão da zona de transformação. Em resumo, na prática clínica-se há coleta para pacientes jovens com idade inferior a 25 anos e encontra-se um resultado positivo com NIC II ou NIC III, é importante lembrar de considerar a regressão espontânea para essas pacientes, com acompanhamento a cada 6 meses e reavaliação em 2 anos. 

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